Holy Grail

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quarta-feira, 21 de março de 2012

O Perfeito Imperfeito

Todos os dias eu levo um tapa na cara dos meus princípios, todos os dias eu queria deixar de pensar. Sobrevivo em um mundo onde a moralidade está velha e doente, apodrecendo em qualquer lugar que não exista relações humanas. Os princípios estão exacerbados na boca imunda de cada corpo andante, e são cuspidos a cada dia mais um pouco. Dogmas são príncipes do transviamento e a imaculada religião castra nossa liberdade da alma. A felicidade é produto de um comércio de solidão, um produto não durável, onde sua única permanência só fica visível quando acaba os instantes de prazer, uma grande depressão. Um mundo de projetos cancerígenos, onde corpos acumulam o pessimismo, a insegurança e os reflexos mais sombrios e perversos da razão. A minha inocência vai sendo torturada e cortada. Cada pedaço vivo jogado nos meus pés é um pedaço que eu guardo, trancando o que eu penso ter de bom em uma caixa, ficando com o que me resta - o triste questionamento se essa caixa vai se perder. Tudo é realista demais, severo demais, certo demais, e muitas vezes chega a ser violento, e eu devo satirizar minha própria imagem para não cair em desgraça. Assim como meu amigo Pessoa, fingindo o poeta que sou. Fingindo o entendimento, fingindo a razão, fingindo conhecer esse mundo que abomina minha nudez e me veste a força com suas ideologias, criando a perfeita imperfeição.

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