Holy Grail

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quinta-feira, 9 de abril de 2015

Necromancia

Ela me olhava diretamente nos olhos, como uma agulha de diamante perfurando o globo, indo até o interior do cérebro. Quebrando minha razão. Logo eu, que andei perdido por tanto tempo no esquecimento. Sozinho. Caminhando nas sombras dos meus mais desconhecidos desejos, observando o sol à distância, um imortal sem lembranças. Ela tinha o sorriso mais lindo dos universos, e eu escondia meus dentes tortos em versos. Seus sentimentos tinham mãos que apertavam meu peito, e seu coração era uma vela infinita. Todos os dias minhas consciências voavam até ela e abandonavam a obscuridade do meu ser. Minhas vontades surreais eram esterilizadas por sua luz, e o brilho era como uma chuva de ouro sobre o meu corpo. No equilíbrio nós tivemos a maior experiência, descobrimos a essência da existência. De mãos dadas colidimos universos e descansamos nossas almas, ultrapassamos os pilares conhecidos e nos elevamos ao místico desconhecido. Mas outros deuses esbravejaram, e ela teve que se perder. Me deixou com ossos e mortalhas que me deito ao lado quando tento dormir. Objetos mortos da minha sabedoria, que mostram o futuro repetir o passado, e o presente ser a minha relíquia. O equilíbrio da solidão ou companhia, a noite ou o dia. Para existir sombras deve haver luz, e a verdadeira cor do caminho é escolhida por quem o conduz.