Holy Grail

Holy Grail

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Um Dia Para Contar

Se a calçada tropeçasse nas minhas pernas hoje, eu choraria. Estou tão triste com meu próprio reflexo que nem consigo me concentrar para sentir o que realmente sinto. Tão fraco por causa de algo engenhoso que permite aprisionar o homem com um olhar. Por isso, permanece uma coisa que sempre olha nos meus olhos, fixamente, na espera de que eu pare de andar. Uma angústia astuta que sabe perfeitamente onde me provocar, uma dama que mora na minha cabeça. Nunca posso cair, lembro disso e preciso descer até a realidade. Quando tropeço, arrumo meus sapatos e continuo o caminho, aguardando um olhar que possa me receber sorrindo. Assim que chegar ao meu destino vou poder contar sobre o dia que passei, o dia mais forte em que já andei.

O Fotógrafo, o relógio e a fotografia

Com a minha lente passo o dia conversando com as horas, esperando um lugar que só vou ter depois de alguns dias. Posso estar cercado por conversadores, mas nada distrai meu foco. Fico sonhando e estou longe, não tão longe quanto queria estar, e logo me sinto solitário, como todo poeta que não sabe amar. Não tenho certeza se é uma faceta da espiritualidade feminina ou um desvio comportamental, também pode ser só a saudade me apertando para voltar ao mundo real. Carrego até sorrir junto e depois me despeço dessas coisas da distância, mesmo que apenas por um monitor de esperança. Evito compartilhar esse tipo de fraqueza. A minha loucura é um pensamento pensando em outro pensamento. Minha solidão pode ser o fantasma de alguns segundos de atenção. Respiro fundo e fecho os olhos, a saudade aperta, mas também revela. Busco as melhores imagens e procuro descansar. Ah... como eu quero uma nova fotografia.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Progressivo Nascer do Sol

Como eu gosto das roupas pelo chão, daquele conforto em te abraçar e dos teus movimentos extremamente sedutores. O misterioso olhar que reflete toda a luminosidade e energia do Sol traduzidos em paixão, a perna que me entrelaça como uma delicada gata se espreguiçando e as mãos que parecem saber exatamente onde está localizado cada ponto de energia do meu leve corpo. Os seios se beijam e parecem transmitir as primeiras palavras do dia, os olhos cada vez mais próximos, sorriem e libertam a consciência das areias do sono. Que bom acordar do teu lado, que gostoso alimentar o espírito com teu sorriso pela manhã, é como estar preparado para conhecer todo o universo, mesmo esquecendo de todo ele nesse círculo perfeito. Nossas camas são os altares de um progressivo ritual que aos poucos desvenda nosso precioso conhecimento. E acordando com a certeza da tua presença eu posso sempre ver o Sol nascendo.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O Jardineiro e o Céu

Sou um jardineiro de mãos fiéis, sem estudos teóricos, mas grande força de vontade para trabalhar. Ando perdido na minha falta de compreensão e nas armadilhas do tempo. Expondo a minha pobreza em todos os atos, estou sujo e descalço. A terra entra em minhas unhas e me pinta tão feio quanto meu jardim me vê sempre que esqueço de regá-lo. Estou perdido e miserável. Minha ignorância me cegou, deixando meu pouco conhecimento escapar. A simplicidade foi guardada e a água esquecida, minhas roupas se rasgaram e a angústia arde em ferida. Triste por não ter dado uma primavera ao meu jardim, machucado pelos espinhos que já recolhi, borrando a poeira da face com lágrimas, perdendo a razão e a alma. Preciso devolver a beleza desse coração, regar a semente da minha eterna gratidão. Sentado não posso mais esperar, meus movimentos caírem de algum lugar. Como um velho derrotado e os atos de desespero, deitei-me sobre o jardim tentando adubá-lo com meus restos. Esperando a própria terra me enterrar, sem os braços dos meus amores, olhei para o céu e aprendi o que preciso para dar vida as flores.