Holy Grail

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segunda-feira, 12 de março de 2012

No Jardim

Crianças brincam no jardim, pisam nas plantas, se machucam. Muitas vezes estão dispersas de nossas conversas, nossos conselhos ou mesmo nossas brigas. Sujas, remexem a terra, cavam, amassam toda grama, quebram galhos, derrubam flores, elas se divertem. Criança não tem maldade, ela tem energia, ela tem um universo de novos acontecimentos para descobrir, aproveitar e cuidar. O jardim tem um pacto com todas as almas jovens do Universo, suas plantas não machucam muito essas almas sem maldade, até que essas aprendam os significados e encantos dos jardins e suas cores.

Eu fui um jovem assim, mas muito cedo conheci uma moça jardineira. Moça bonita e elegante que não se preocupa em se sujar de terra, moça forte e realista que não têm medo de se machucar. Uma jardineira de mãos firmes, porém delicadas, e que me ensinou essa Arte da Vida. Mas por um longo período eu ainda fui jovem, e brincava no jardim. Mesmo sem maldade, as plantas já identificavam meu conhecimento e resolveram não mais deixar de me machucar. Tive medo e sofri bastante, tentando sempre acelerar o tempo, sem perceber que o tempo na verdade deveria ser utilizado a meu favor.

Totalmente sujo de terra, vendo meu jardim agonizar, deixei de beber minha água para dar novamente vida ao lugar. Usei todas as ferramentas e experiências adquiridas, usei toda energia e magia. E o verde e todas as cores brilharam na minha face como em um olhar direto para o Sol. Cansado e machucado, ainda consegui sorrir por dentro. Foram 601 dias aprendendo a cuidar do jardim secreto, e agora, mesmo depois de tantos espinhos, machucados e trabalhos, volto para minha moça jardineira com o mais belo buquê que ela pode receber.

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